Já observou que, mesmo em meio a uma grande algazarra infantil, se, entre as várias crianças que brincam, uma chorar e chamar pela mãe, ela identifica que é seu filho e logo responde? Isso é incrível! Sempre penso que o grande desafio da nossa vida é, em meio a tantas vozes, apurarmos a nossa audição a esse ponto, para conseguirmos ouvir Deus.
Sempre nos dizem que é preciso ter o coração aberto para ouvir a voz de Deus, como aponta o refrão do Salmo 94 da liturgia deste domingo:
“Não fecheis o coração, ouvi hoje a voz de Deus!”
Talvez, para muita gente, ter o coração aberto e ouvir não pareça ter ligação. Mas a verdade é que a palavra “coração”, na Bíblia, tem um significado bem mais profundo do que o de um órgão do corpo humano. Na Sagrada Escritura, o “coração” é a sede das decisões mais importantes da vida de uma pessoa. Então, ter o coração aberto para ouvir a voz de Deus é permitir que o Senhor, pela presença do Espírito Santo em nós, nos ajude a tomar decisões importantes.
Ora, eu acredito que, na teoria, todos nós queiramos que isso aconteça, não é mesmo? Pois ninguém quer errar em suas escolhas. Mas será que, na prática, nós deixamos mesmo Deus nos orientar? Pedimos seu auxílio? Ou nos fechamos nos nossos próprios pensamentos, sentimentos e vontades, sem buscar o querer de Deus para nós?
... Certa vez, ouvi algo que me marcou muito: “Dizemos que Jesus é nosso Rei e Senhor. Mas será que não fazemos dele um Rei como a Rainha da Inglaterra, que tem nome, coroa, cetro, trono real, mas que não decide nada, porque as decisões competem ao Parlamento?”
Eu quero que Jesus reine na minha vida como Senhor, como aquele que tem toda a liberdade para agir livremente na minha história, orientando e auxiliando nas decisões do meu cotidiano. Ele não é um ser figurativo, é real! Preciso, então, aprender a deixar Deus ser Deus na minha vida. Notar que ele fala por meio da minha intuição e no concreto das situações do dia a dia. Não é fácil, mas eu me disponho. E você? “Tamu” junto!