Compartilhe a viagem - Campanha Mundial da Caritas

Braços Abertos
Compartilhe a viagem
O outro é nosso irmão
Campanha Mundial da Caritas
Migrantes e refugiados
27 de setembro 2017
Lançamento Nacional no Cristo Redentor

    A data é significativa: Dia de São Vicente de Paulo! Olhar o migrante pobre, excluído e abandonado é também uma oportunidade de uma grande campanha para novas leis migratórias em nosso mundo.
    O local é privilegiado: esta campanha que hoje se inicia tem como sinal a pessoa de braços abertos para acolher o outro – nada melhor que o nosso símbolo nacional que retrata o espírito cristão de acolher o outro de braços abertos no alto do corcovado: O Cristo Redentor.
    A ocasião é propícia: quando as nações e sociedade se fecham ao outro, suas fronteiras, seus corações, quando os fechamentos se traduzem em uma sociedade que pede para ser fechada através de resultados de eleições e no clima de medo que se instala ao nosso redor levando-nos a nos fechar em nossas casas, o Papa Francisco vai ao encontro de todos e recorda a importância da cultura do encontro.
    Nesta manhã, o Papa Francisco, logo após fazer o lançamento da campanha no Vaticano, tuitou “Compartilhemos sem medo o caminho dos imigrantes e dos refugiados”. Isso foi logo depois do final da catequese na Audiência Geral de hoje, quando o Pontífice recordou que é o próprio Cristo que nos pede para acolher os nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados com os braços bem abertos:

“Justamente assim (gesticulou o Papa) com os braços bem abertos, prontos a um abraço sincero, afetuoso e envolvente, um pouco como esta colunata da Praça S. Pedro, que representa a Igreja mãe que abraça todos na compartilha da viagem comum.”

    O Papa Francisco deu as boas-vindas aos refugiados presentes na Praça S. Pedro hoje de manhã em Roma e agradeceu aos agentes da Caritas Internacional pelo empenho para realizar um abaixo-assinado para pedir uma nova lei migratória mais pertinente ao contexto atual. Aqui estamos aos pés do embaixador dessa Campanha no Brasil: o Cristo Redentor, representado por este monumento que, de braços abertos, é a própria definição dessa campanha.
    É a necessária orientação que a Igreja nos dá, que também nos remete à proposta de sermos promotores da Cultura do Encontro, continuamente presente nos discursos do Pontífice. Porque, na realidade, perder o medo do outro nos leva à abertura de coração para conhecê-lo, para procurar ouvir suas necessidades e, então, nos deixarmos levar pela compaixão por aqueles que estão mais vulneráveis. Sem medo, somos capazes de buscar a superação das superficialidades das relações e conseguimos ter um encontro verdadeiro e profundo com o outro, que lança fora toda a indiferença. Agindo assim estaremos promovendo a Cultura do Encontro, que exige que estejamos dispostos a dar e também a receber dos outros.
    Como tem nos ensinado o Papa, é preciso acreditar no outro, acreditar que ele tem algo bom para mim, que vai me ajudar a crescer, que ele tem coisas boas a dizer, a ensinar; e, assim, aceitar o seu ponto de vista, as suas propostas, dialogar com ele. E isso não quer dizer desistir das próprias ideias e tradições e nem perder a identidade. Ao contrário: significa aceitar diferenças, crescer com elas e enriquecer a própria vida e a de toda a sociedade, com esse aprendizado.
    Nesse momento em que uma “mudança de época” tem nos levado a intolerâncias étnicas, sociais, religiosas provocando guerras e mortes, além de expulsão das pessoas de seus locais de habitação, este evento nos faz pensar sobre a nossa responsabilidade nacional de trabalharmos pela unidade e fraternidade que Jesus Cristo nos ensinou. Um verdadeiro estado laico e sem preconceitos religiosos e sem assumir o ateísmo como norma comum pode ser uma oportunidade de diálogos francos e construtivos.
    A uma nação dividida e com exclusões profundas a pequena imagem de Aparecida (a Capela aos pés do Redentor é dedicada a ela e o foi também no dia 12 de outubro) nos recorda que é necessário juntar as partes quebradas da nossa pátria e acolher com amor os excluídos simbolizados na cor escura da pequena imagem que comemoramos os 300 anos de seu encontro nas águas do Rio Paraíba.
    É possível nos darmos as mãos e abrirmos espaços e oportunidades aos imigrantes que  estão buscando dignidade para a sua vida. Precisamos estar abertos a conhecê-los, à troca de experiências, à multiplicação de saberes, para que, juntos, compartilhemos a vida de forma positiva.
    A experiência humana é uma vivência de ser acolhido e acolher. As mulheres e os homens migrantes precisam de inclusão e respeito. Aqui nestas terras cariocas acolhemos pessoas de todas as nacionalidades, etnias e religiões. Aqui os refugiados encontraram no passado de uma política de perseguição segurança e encaminhamento nesta Igreja Arquidiocesana, e hoje, através da Caritas Arquidiocesana, irmãos e irmãs são acolhidos sem discriminação nenhuma para refazerem suas vidas e seus lares. Porém o clima de exclusão e ódio aos poucos entra em nossa sociedade que necessita guardar com carinho suas verdadeiras raízes cristãs. A mentalidade, valores, cultura e religião dos migrantes é que fazem deles sujeitos integrais, que possuem uma história de vida que não pode e nem deve ser descartada. O diálogo e a construção de relações de confiança entre a população migrante, as instituições e comunidades locais é imprescindível para o desenvolvimento de espaços de convivência intercultural e inter-religiosa, que podem colocar as bases para uma sociedade aberta, plural e mais humana. Compartilhemos a viagem de nossos irmãos, como autênticos protagonistas da Cultura do Encontro de braços abertos, pois o outro é nosso irmão!


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