Eventos climáticos extremos são cada vez mais frequentes em
todo o mundo, levantando a questão: quanto tempo ainda temos para evitar os
piores cenários da mudança do clima? Para responder a essa pergunta, um grupo
internacional de cientistas e ativistas criou o Relógio do Clima, ou Climate
Clock, que marca o prazo que nos resta para manter o aumento médio da temperatura
terrestre em níveis minimamente seguros para a humanidade. Esse relógio chega ao
Brasil neste sábado, 22 de julho - Dia da Emergência Climática.
O Relógio do Clima será projetado no monumento ao Cristo
Redentor, no Rio de Janeiro, entre 17h e 21h, e colocará o Brasil no mapa de
eventos realizados nos cinco continentes para chamar a atenção para o prazo que
resta para nos manter a salvo de cenários climáticos catastróficos. O Climate
Clock é conhecido por seu relógio digital de 24 metros na Union Square de Nova
York, bem como outros relógios de grande escala localizados em Londres, Roma,
Seul, Tóquio e Pequim. Há também relógios portáteis de “ação”, que estão nas
mãos de líderes climáticos em todo o mundo, de Greta Thunberg ao
primeiro-ministro das Bahamas, Phillip Davis. No Brasil, a líder indígena Txai
Suruí e a especialista Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa,
responsável pela ação do Climate Clock no Brasil, foram presenteadas com
exemplares.
A projeção no Cristo Redentor trará uma novidade: será a
primeira vez que o Relógio do Clima marcará menos de seis anos. Neste sábado,
ele passará de 6 anos 0 dias 00:00:00 para 5 anos 364 dias 23:59:59. O prazo
mostra quanto tempo temos até que o chamado “orçamento de carbono” se esgote,
considerando a quantidade de carbono que continuamos a emitir globalmente. O
relógio continuará a regredir até chegar a zero, momento em que todo o orçamento
de carbono estará esgotado e a probabilidade de impactos climáticos globais devastadores
será muito alta. Se as taxas de emissões globais continuarem a aumentar, nosso orçamento
de carbono se esgotará ainda mais rápido. Por outro lado, se reduzirmos a taxa
de emissões globais de carbono, o tempo no relógio teoricamente começaria a
aumentar.
“Devemos tomar medidas para reduzir as emissões globais de
gases de efeito estufa para zero o mais rápido possível. O tempo está
literalmente encurtando por conta das emissões crescentes, enquanto os impactos
climáticos estão cada vez mais fortes”, diz Natalie Unterstell, presidente do
Instituto Talanoa. “Contar menos de 6 anos para cortarmos as emissões de
carbono pela metade dá a dimensão da urgência com que temos que agir. É a nossa
geração, de todos os que estão vivos, que tem que resolver esse problema, aqui
e agora. Não há tempo a perder com promessas vagas e falsas soluções",
ressalta.
O relógio climático será projetado nos braços do monumento
ao Cristo Redentor. Um exemplar do relógio climático físico projetará soluções
para o combate à emergência climática que podem ser aplicadas no Brasil, tais
como o investimento em transporte público eletrificado, economia circular,
logística reversa, saneamento básico para todos e desmatamento zero em todos os
biomas, entre outros. Antes da projeção começar, um grupo de 24 voluntários
executará a performance De Corpo Presente, da artista Ana Teixeira. Com seus
corpos, eles montarão frases alusivas à emergência climática, como “é tarde,
mas ainda temos tempo”. Quem for até o local poderá conversar com membros do
Instituto Talanoa e ativistas climáticos para entender os motivos da ação, e
retirar material informativo. Um relógio climático físico também estará disponível
para que as pessoas tirem fotos e postem em suas redes sociais.
A vinda do relógio do clima para o Brasil também alerta para
a importância de o país avançar no corte das emissões e exortar outras nações a
fazer o mesmo, já que sediará as negociações climáticas daqui a dois anos, em
Belém, na COP30. Os sucessivos recordes de temperatura quebrados no verão do
hemisfério norte e os dois ciclones que atingiram o Rio Grande do Sul em menos
de 30 dias dão ideia da instabilidade climática presente e nos alertam sobre o
que ainda pode piorar.
"O tempo que temos para responder à crise climática
está se encurtando, porque as emissões não param de crescer, aqui e
globalmente. Precisamos ser decisivos quanto a eliminar o desmatamento, trocar
petróleo e gás por energias renováveis e eletrificar o transporte, antes que o
limite seguro de 1.5 graus Celsius de aquecimento global seja ultrapassado. É
preciso agir", resume Natalie.
O evento sobre o Dia da Emergência Climática é organizado
pelo Instituto Talanoa e conta com parceria da Rede Menos1Lixo.
Sobre o Instituto Talanoa – Think tank brasileiro dedicado à
política climática. É uma organização sem fins lucrativos que busca contribuir
para que o Brasil tenha políticas públicas de impacto positivo para as pessoas
e para o planeta. Contando com uma equipe especializada e multidisciplinar,
atua desde 2019 por meio da combinação de dados, ciência e diálogo, para responder
à emergência climática com ideias e tecnologia do nosso tempo.
Site do Relógio do Clima: https://climateclock.world/
Relógio do Clima Instagram:
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Relógio do Clima TikTok:
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