A celebração em memória ao Padre Pedro Maria Bos foi realizada no Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, na manhã deste dia 15. A Santa Missa será presidida pelo Padre Vandeir Barbosa, CM, Visitador da Província Brasileira da Congregação da Missão (PBCM). Confirmaram presença na ocasião os padres e irmãos vicentinos Ir. Adriano Ferreira, Pe. Agnaldo Aparecido de Paula, Pe. Eduardo Raimundo dos Santos, Pe. Eli Chaves, Ir. Milton de Jesus, Pe. Túlio Medeiros e Pe. Luís Veras. Além disso, estarão presentes integrantes de ramos da Família Vicentina como Filhas da Caridade, Misevi e SSVP, bem como amigos da PBCM e colaboradores de suas casas e obras, tal como Colégio São Vicente de Paulo, no Cosme Velho, e Escola São Vicente de Paulo.
Pouca gente sabe, mas o monumento ao Cristo Redentor, símbolo do Brasil, é uma ideia vicentina. A colocação de uma imagem do Cristo Redentor no alto do morro do Corcovado foi sugerida pela primeira vez em 1859, pelo Padre Pedro Maria Bos, CM. No entanto, esta ideia só foi concretizada quando começou a construção do monumento em 1926, sendo inaugurado em 12 de outubro de 1931. Hoje, uma placa fixada na base do monumento registra e homenageia esta ideia pioneira do Padre Pedro Bos. Em mais de 200 anos de presença vicentina no Brasil, muitos foram os padres que tiveram biografias honrosas. Dentre eles, destaca-se o padre francês Pierre-Marie Bos, conhecido pelos brasileiros como Padre Pedro Bos. Segundo o Padre Omar Raposo, reitor do Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, "Padre Bos é até hoje considerado um grande místico por todos na Arquidiocese do Rio de Janeiro, pensa-se inclusive na abertura de seu processo de Beatificação". Mas afinal, quem foi o Padre Bos?
Ordenado padre vicentino ou lazarista em 1858, em Paris, Padre Bos tornou-se missionário em terras brasileiras logo no ano seguinte, desembarcando no Rio de Janeiro, em 1859. No Brasil, exerceu muitos ofícios, dentre eles: capelão da Santa Casa do Rio de Janeiro, missionário na Bahia, capelão do Colégio Imaculada Conceição, professor e depois superior do Colégio do Caraça e ecônomo provincial. Nos 20 anos finais de sua vida, dedicou-se à uma intensa atividade intelectual, produzindo diversos prefácios para livros de espiritualidade, traduzindo os Evangelhos e a monumental obra de Miguel de Cervantes.
Enquanto residia no Colégio Imaculada Conceição, na Praia de Botafogo, ao contemplar de sua janela o morro do Corcovado, imaginou-o como um imenso pedestal, local perfeito para a construção de uma imagem em honra a Nosso Senhor, que dali do alto, segundo sua visão mística, abençoaria as terras Brasileiras. O Padre Bos chegou a solicitar ajuda financeira à Princesa Isabel (herdeira do Império Brasileiro) para a realização do projeto. E por diversas vezes a princesa demonstrou interesse no projeto, procurando formas de concretizá-lo, porém seus planos foram descartados em 1889, com a Proclamação da República e a separação da Igreja e do Estado.
Apesar da idade avançada, e de algumas doenças que lhe acometeram nos últimos anos de sua vida, o Padre Pedro Bos nunca desistiu de seu sonho, prova disso é que anotou no prefácio da Imitação de Cristo, em 1903, o famoso poema em que registra sua visão de uma monumental estátua de Jesus no alto do Corcovado:
"Ó Corcovado!...
Lá se ergue o gigante de pedra, alcantilado, altaneiro e triste, como interrogando o horizonte imenso – Quando virá? Há tantos séculos espero! Sim, aqui está o Pedestal único no mundo. Quando vem a estátua, como eu, colossal imagem de Quem me fez?... (...) Acorda depressa, levanta naquele cume sublime a imagem de Jesus Salvador.
- Lá vai o meu humilde brado, Deus lhe proporcione eco por todo o Brasil.(...) Nem todos por causas diversas lerão o Livro;
ao passo que em todas as línguas e linguagens, a imagem dirá ao grande e ao pequeno, ao sábio e ao analfabeto, a todos: Ego sua via, veritas, et vita. (Eu sou o caminho, a verdade e a vida.)
Venite ad me omnes. (Vinde todos a mim.)"
Padre Bos faleceu em 1916, com 82 anos de idade e 60 de vocação, sendo 57 deles vividos no Brasil. Ele não chegou a contemplar a sua visão de monumento concretizado, tendo em vista que o processo de erguimento do Cristo Redentor teve início em 1921 e foi concluído apenas 10 anos depois. No "Livro dos coirmãos da Congregação", o Padre Pedro Sarneel definiu o Padre Bos de maneira bem assertiva como sendo um sacerdote inteligente e trabalhador, ao passo que não nos custa acrescentar que era também homem de intensa espiritualidade e tenaz sonhador, um verdadeiro místico, que marcou a história do Rio de Janeiro e do Brasil ao imaginar o monumento cristão-católico.