* Por Nathália Cardoso
O projeto Ação de Amor do Cristo Redentor e a Paróquia São José, na Lagoa, em parceria com o Instituto Lojas Renner e o Instituto Aliança, possibilitaram a formatura em Moda para 37 refugiados do Congo, da Venezuela e da Colômbia, no dia 20 de setembro. Ao final do curso, uma das pessoas já estava empregada e outras participando de processos seletivos. A Paróquia São José, na Lagoa, que tem como pároco o reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo, foi onde ocorreram as aulas.
— É um projeto maravilhoso, que proporcionou esse encontro, marcado pelo acolhimento e formação. Da nossa parte, como Igreja, temos uma experiência com tantos outros trabalhos que têm mantido o princípio da solidariedade no sentido mais autêntico e eficaz. Portanto, nós, da Paróquia São José e da Ação de Amor do Cristo Redentor, e a Cáritas estamos abertos a outras iniciativas como essa, afirmou padre Omar.
Renovação da esperança
Yelitza Lafont, refugiada venezuelana, foi uma das formandas. Ela se emocionou ao contar sua história e sobre como ficou grata pela formação que recebeu. Tendo chegado ao Brasil há nove meses, por Roraima, ficou em Boa Vista, a capital. Um sobrinho a convidou para vir ao Brasil tentar melhorar sua situação financeira, mas não apareceu para encontrá-la, quando ela aqui chegou. Assim, Yelitza passou quatro meses e meio dormindo na rua.
— Eu estava perdida e com medo. Não sabia nada de português, e, por isso, quando as pessoas falavam comigo, achava que tinha feito algo de errado, contou.
Dos seus cinco filhos, trouxe apenas um consigo. Uma mora no Panamá e os outros três são pequenos e ficaram na Venezuela, cuidados pelo pai e pela avó.
— Não tenho palavras para descrever a dor que foi deixar meus filhos para trás. Eu sofro e sinto muita saudade, mas meus filhos estavam precisando de comida, roupas, calçados... e eu não podia dar. Isso me deixava muito triste. Deus tem sido maravilhoso comigo e agido através dessa instituição para nos consolar e nos deixar bem. Agora, posso ter esperança de alcançar esse sonho que trago, de melhorar a qualidade de vida da minha família. E tenho certeza de que com esse curso vou alcançar, afirmou, com brilho nos olhos.
Segundo o representante do Instituo Lojas Renner, Arno Duarte, apesar de o projeto já existir desde 2016 em São Paulo, foi no Rio que teve a maior turma.
— O resultado é muito interessante porque todos ficaram até o final. E agora estamos trabalhando conjuntamente com outras instituições, a fim de inserirmos mais e mais pessoas no mercado de trabalho. O resultado está sendo ótimo, afirmou.
Formação acolhedora
A formação durou dois meses e teve como objetivo prover apoio aos refugiados, prioritariamente mulheres, na integração cultural e na inserção sócio produtiva.
— Às vezes pensamos só no trabalho, mas é mais do que isso: o trabalho é importante, necessário e urgente, mas tão importante quanto é eles se inserirem social e culturalmente em nosso país”, apontou a diretora técnica do Instituto Aliança e coordenadora do projeto na Paróquia São José, Ilma Oliveira.
Ela contou que, quando o instituto buscava pessoas refugiadas para o projeto, percebeu que no Rio de Janeiro a Igreja Católica era que estruturava a maioria das ações de inserção social e que dava apoio a essas pessoas.
Paralelamente a esse projeto, está acontecendo, também na Paróquia São José, o “Dó, Ré, Mi Abraça”, trabalho em que os refugiados são qualificados em música e Língua Portuguesa, assim como em cultura brasileira.
— Queremos fazer com que os refugiados, agora já parte da nossa sociedade, possam se sentir mais e mais acolhidos nesse processo de paz e oportunidades”, pontuou padre Omar.
Faça parte você também das Ações de Amor do Cristo Redentor. Para isso, basta se tornar um Amigo do Cristo. Juntos, colaboramos para que muitas mudanças positivas aconteçam na vida de pessoas que precisam de apoio e acolhimento, como Yelitza precisou para recomeçar.
* Foto: Renato Francisco Saraiva