Grandes Questionamentos

                        Lemos nos evangelhos que num momento em que uma multidão o seguia, Jesus voltou-se para ela e fez grandes questionamentos. Creio que em tempos de distanciamento dos grandes temas da criatura humana, chegamos a um momento muito importante de perguntas fundamentais para nós.

O início de novembro nos traz uma reflexão essencial sobre a nossa vida e os valores que ela comporta. Ao iniciarmos, com a solenidade de Todos os Santos e com a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, uma grande pergunta nos é colocada.

Ultimamente, em nossa sociedade em mudança, em que o transcendente foi esquecido e não se questiona sobre o sentido último de nossas vidas, esses eventos no início de novembro nos ajudam a nos situar dentro desse tempo de tantos questionamentos, que se acumulam em todas as mídias, e sobre a falta do grande questionamento existencial.

Pode parecer uma questão filosófica, que perdeu sua atualidade ou interesse, mas, no entanto, é a explicação de tantas situações hodiernas. Esses dias mereceriam um bom tempo de reflexão e, consequentemente, também a grande pergunta de como fazer passar isso para a sociedade hoje.

A celebração de Finados nos fala da realidade da morte física e da situação humana. Para que e por que vivemos? A nossa vida é apenas para este mundo? O questionamento antigo de que pensar na eternidade e no destino final do ser humano nos faria alienados da realidade, já é eco de um passado distante. Sabemos muito bem que acreditar no Céu não nos exime de nossa responsabilidade na Terra, aliás, até o contrário. Quanto mais tenho consciência de meu destino final, mais a responsabilidade no dia a dia deve ocorrer em nossas vidas.

A Celebração de Todos os Santos nos complementa, recordando que o destino final do homem que nasceu para viver eternamente é a vida de união com Deus, é estar com Aquele que nos criou, é estar unido à Trindade Santíssima. Somos chamados a viver a vida de conversão no dia a dia, caminhando rumo à santidade. Somos chamados a ser santos! Essa é a nossa vocação comum. Os processos de beatificação e canonização que ultimamente estão sendo divulgados são justamente um sinal colocado no horizonte de nossas vidas, para que nunca nos esqueçamos dessa direção de nossa existência! Nascemos para ser santos! 

As clássicas perguntas que nos fazemos sobre de onde viemos e para onde iremos, enquanto nos perguntamos sobre o sentido de nossa vida, estão na base dessas reflexões. Perguntas clássicas em muitos tipos de encontros e que, inclusive, fez a Nortumbria aceitar Cristo Jesus como Senhor e Salvador são muito atuais.

As pessoas não gostam muito de refletir sobre essas realidades e sobre essas perguntas, mas o clima que se cria durante estes dias não deixa que ninguém se isente de, pelo menos no profundo de seu ser, fazer essas clássicas perguntas.

Quando o mundo vai por tantos outros caminhos e não se preocupa com isso, surge uma grande responsabilidade de nossa parte. Mesmo sabendo que somos chamados primordialmente a anunciar uma Boa Notícia para todos, no entanto somos desafiados em nossa pastoral a ajudar as pessoas para que respondam com a vida aos grandes questionamentos de sua vida. 

Muitas situações de vazio existencial, de guerras e mortes poderiam ter sido encaminhadas diversamente quando as razões de nossa existência adquirem uma direção. É, sem dúvida, um tempo difícil e desafiador, por isso mesmo emocionante.

Que as celebrações do início de novembro nos encontrem de corações abertos aos questionamentos, e que a Palavra de Deus seja luz em nossos caminhos, que nos conduza numa conversão sincera e contínua a caminho da santidade, nossa vocação comum. E assim possamos contagiar as pessoas ao nosso redor, para que se entusiasmem nessa busca e encontrem em Cristo a alegria do Evangelho, que preencha seus corações e nos coloque a caminho de tempos novos.

Em tempos de desuniões, guerras, decepções, dificuldades somos convidados a retornar nossa caminhada alegre de discípulos missionários que anunciam a vida em Cristo Jesus!

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